De amor para
entender é preciso amar. Preciso me amar antes e jurar fidelidade a mim mesma.
Estou sozinha, mas não estou só. Estou comigo e para onde vou, me levo junto. Coração,
mente, memórias e aquilo que sou.
Já amei e hoje
sinto as costas pesadas de memórias. Enquanto eu arrumava a bagunça da vida em
caixas de plástico, encontrei fotos perdidas, diários esquecidos e anotações
avulsas: “Purifica o teu coração antes de permitires que o amor
entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo”. Tantas vezes
eu quis fazer o que Pitágoras mandava, mas faltava algum ingrediente e eu nunca ia
muito longe.
Então a vida
quis puxar os meus tapetes, e eu não poderia ser mais grata. A queda fez de mim
alguém diferente e pôs os meus pés no chão, exatamente no lugar em que eu
gostaria de estar. As minhas verdades são minhas e as minhas memórias ninguém
rouba. Descobri o quanto o meu espaço é sagrado.
Fidelidade é
não misturar as emoções. Quem não mente para si não mente para os outros.
Tem-se que saber respeitar o tempo do coração, e, se ele pede calma, é calma
que darei a ele. Se eu não fizesse isso, certamente, estaria traindo a mim.
Quero viver
sem laços, livre como sou. Desejo apenas que a verdade seja
o meu guia. Joguei tudo fora e como louca saí pelo mundo. Saber ser sozinho exige coragem. Pus o meu coração em
uma caixa sagrada e a ele jurei fidelidade.
