Quero o meu prato sem berro
Sem elo com sangue
Sem a teta desmamada, inflamada
Bicho sem couro
Casaco, pele e dor
Abracei uma galinha
Feliz de quem come capim
Já disse, quero um prato simples
Sem queimadura de onça,
Pedaço de Amazônia
Sofrimento do Pantanal
Chão seco, carvão e ozônio
Peste, pandemia, mar-plástico
Gosto de petróleo
Na barriga da tartaruga
Aquela coisa que me machuca
Aperta do pescoço do albatroz
Tem festa domingo, eles riem
Enquanto o globo terrestre gira
Nos olhos de um animal
A caminho do matadouro
E o plástico no pescoço do albatroz
