terça-feira, 9 de agosto de 2016

Aos que amam




E quem nunca confundiu um campo árido com um rio sereno? Amor é palavra forte e a busca até ele confunde. Amor é construção? E o amor à primeira vista?  Eu não sei de nada, mas alguma coisa a vida me ensinou. Vida, coisa que, aliás, é sinônimo de dualidade. Tudo no universo respira lados opostos. É a lei.
A vida carrega a morte e amor carrega o desamor. E veja só, o desamor ensina sobre o amor. Das coisas que vi, aprendi que a mente engana e que é fácil achar que se pode mergulhar num rio seco. Vejo o ser humano como uma coisa pequenininha tentando alcançar esse sentimento bom. Há tantos labirintos dentro da mente que amar é uma coisa difícil. A arte dos sentimentos, aquilo que se constrói na infância, os apegos, a noções sobre afetos. O que os pais dão, o que se recebe, o que se cria e o que se sente. Inseguranças, traumas, ansiedades, solidões. O que somos nós. Falo aqui do amor entre duas pessoas. A carga semântica dessa palavra não cabe num texto.
Nascemos sem escolha e aqui estamos. Uns nascem sem saber amar, sem sentir empatia, sem sentir. Outros amam além da conta e outros vivem com serenidade. No final das contas, só dá amor quem o tem dentro de si. Talhar pedras, plantar no concreto e outras coisas não valem a pena. E mesmo assim, continua-se acreditando. E quem está isento? Acredita-se ainda no amor. O chão corta os nossos pés, as palavras machucam os nossos ouvidos, mas amor é isso, não?
Não. Amor é um rio sereno, é um chão macio, é uma cama confortável. Amor é beijo na testa, é a preocupação em saber se o outro chegou bem. Amor é o olhar manso, terno e amoroso de quem nos ama e quer cuidar de nós. Amor é um bilhete carinhoso, é o cuidado com as palavras. Amor é sinceridade. Amor é alma e coração despidos.
Não sei se o amor acaba. Não quero falar sobre os deslizes ou sobre as coisas que dizem o amor suportar. Eu quero somente falar aos que amam. Quero falar sobre as delicadezas que só a coisa mais bonita que há no universo pode nos dar. Que venha o acolhimento.  Aqueles que não sabem amar e juntam as suas inseguranças a uma cultura violenta e imbecil, não aprenderam a buscar dentro de si o dom de acolher. Não aprenderam e não foram ensinados.
Que belo seria enxergar as mulheres com carinho. Ver força na fragilidade feminina e não usar virilidade masculina para oprimir, mas para proteger. Ainda utopia. Não queria falar das coisas tristes, mas, as coisas não andam sozinhas. Fiquemos então com o beijo na testa, isso basta.