E quem nunca
confundiu um campo árido com um rio sereno? Amor é palavra forte e a busca até
ele confunde. Amor é construção? E o amor à primeira vista? Eu não sei de nada, mas alguma coisa a vida
me ensinou. Vida, coisa que, aliás, é sinônimo de dualidade. Tudo no universo
respira lados opostos. É a lei.
A vida carrega
a morte e amor carrega o desamor. E veja só, o desamor ensina sobre o amor. Das
coisas que vi, aprendi que a mente engana e que é fácil achar que se pode
mergulhar num rio seco. Vejo o ser humano como uma coisa pequenininha tentando
alcançar esse sentimento bom. Há tantos labirintos dentro da mente que amar é
uma coisa difícil. A arte dos sentimentos, aquilo que se constrói na infância,
os apegos, a noções sobre afetos. O que os pais dão, o que se recebe, o que se
cria e o que se sente. Inseguranças, traumas, ansiedades, solidões. O que somos
nós. Falo aqui do amor entre duas pessoas. A carga semântica dessa palavra não
cabe num texto.
Nascemos sem
escolha e aqui estamos. Uns nascem sem saber amar, sem sentir empatia, sem
sentir. Outros amam além da conta e outros vivem com serenidade. No final das
contas, só dá amor quem o tem dentro de si. Talhar pedras, plantar no concreto
e outras coisas não valem a pena. E mesmo assim, continua-se acreditando. E
quem está isento? Acredita-se ainda no amor. O chão corta os nossos pés, as
palavras machucam os nossos ouvidos, mas amor é isso, não?
Não. Amor é um
rio sereno, é um chão macio, é uma cama confortável. Amor é beijo na testa, é a
preocupação em saber se o outro chegou bem. Amor é o olhar manso, terno e
amoroso de quem nos ama e quer cuidar de nós. Amor é um bilhete carinhoso, é o
cuidado com as palavras. Amor é sinceridade. Amor é alma e coração despidos.
Não sei se o
amor acaba. Não quero falar sobre os deslizes ou sobre as coisas que dizem o
amor suportar. Eu quero somente falar aos que amam. Quero falar sobre as
delicadezas que só a coisa mais bonita que há no universo pode nos dar. Que
venha o acolhimento. Aqueles que não
sabem amar e juntam as suas inseguranças a uma cultura violenta e imbecil, não
aprenderam a buscar dentro de si o dom de acolher. Não aprenderam e não foram
ensinados.
Que belo seria
enxergar as mulheres com carinho. Ver força na fragilidade feminina e não usar
virilidade masculina para oprimir, mas para proteger. Ainda utopia. Não queria
falar das coisas tristes, mas, as coisas não andam sozinhas. Fiquemos então com
o beijo na testa, isso basta.
