O mistério dos
peixes é o mesmo mistério que mora em mim. É o meu ascendente, é a minha
essência e é tudo aquilo que eu abomino com todo meu coração. É um vício louco,
é uma droga, é o que me faz perder os sentidos e errar de caminho. É o mergulho
mais insano e o amor mais odiado.
Etéreo,
onírico, misterioso, turvo e cristalino. Toma o meu coração e faz dele o que
deseja. Ilude. A única criatura que me ilude. A única criatura que consegue me
enganar, a única criatura que me fere com um sorriso no rosto.
Aquela
criatura que promete amor e some com a mesma rapidez com que apareceu. É aquele
ser maldito que surgiu em minha vida, me encheu dos piores sentimentos e mesmo
depois de ter ido embora invadiu meus sonhos, destruiu o meu ego e passou por
mim com uma gargalhada infernal.
Exatamente por
ser aquilo que não consigo desvendar, é o ser que mais me fascina. Meus olhos brilham quando vejo a sua dança. Quero dançar também, esqueço de tudo. E de repente, estou em sua teia outra vez. A
teia de mentiras mais bem construída que já observei. Nesses mergulhos eu vivi
as histórias mais estranhas de que posso me lembrar.
Ópio, vinho,
ódio, ilusão. Os piores medos, a maiores angústias, as grandes ilusões, as
maiores dores. Meu reflexo nas águas, meu maior oponente. Tudo se afoga dentro
de mim. Eu não quero mergulhar de novo, eu tenho medo. O canto da sereia me
chama outra vez, mas eu sei de tudo o que acontece, também sou filha das águas.
Minha essência é escorpiana, não se engane com a minha balança. Com tanto ódio
por um signo, eu não posso acreditar no seu oposto. Eu só não sei por que o
destino insiste em me fazer mergulhar de novo.
