sábado, 19 de março de 2016

Dançando com peixes


O mistério dos peixes é o mesmo mistério que mora em mim. É o meu ascendente, é a minha essência e é tudo aquilo que eu abomino com todo meu coração. É um vício louco, é uma droga, é o que me faz perder os sentidos e errar de caminho. É o mergulho mais insano e o amor mais odiado.
Etéreo, onírico, misterioso, turvo e cristalino. Toma o meu coração e faz dele o que deseja. Ilude. A única criatura que me ilude. A única criatura que consegue me enganar, a única criatura que me fere com um sorriso no rosto.
Aquela criatura que promete amor e some com a mesma rapidez com que apareceu. É aquele ser maldito que surgiu em minha vida, me encheu dos piores sentimentos e mesmo depois de ter ido embora invadiu meus sonhos, destruiu o meu ego e passou por mim com uma gargalhada infernal.
Exatamente por ser aquilo que não consigo desvendar, é o ser que mais me fascina. Meus olhos brilham quando vejo a sua dança. Quero dançar também, esqueço de tudo. E de repente, estou em sua teia outra vez. A teia de mentiras mais bem construída que já observei. Nesses mergulhos eu vivi as histórias mais estranhas de que posso me lembrar.
Ópio, vinho, ódio, ilusão. Os piores medos, a maiores angústias, as grandes ilusões, as maiores dores. Meu reflexo nas águas, meu maior oponente. Tudo se afoga dentro de mim. Eu não quero mergulhar de novo, eu tenho medo. O canto da sereia me chama outra vez, mas eu sei de tudo o que acontece, também sou filha das águas. Minha essência é escorpiana, não se engane com a minha balança. Com tanto ódio por um signo, eu não posso acreditar no seu oposto. Eu só não sei por que o destino insiste em me fazer mergulhar de novo.