Chico fez a
música para Bárbara, ele é doido de amor por ela. Fogo na caldeira, mel doce
que vem da mulher, a vida brotando e fervendo em paixão. Também estou nua, mas
não sou Bárbara. Estou fervendo com as palavras, num período fértil de mim,
delirante por crias que rejeitarei adiante, radiante por crer em livros de
títulos indefinidos.
Todo processo
deriva de dias escuros, noites longas, choros intermináveis, incertezas ensurdecedoras.
Isso que me mata é o trabalho a parir, criança que precisa nascer. Em paralelo
as palavras tomam-me a mão e não se importam com Roma ou filosofias, elas
querem a minha nudez, querem o mundo como ele é.
O centro da
cidade sujo, o velho tarado do mercado central, a praia noturna, as amigas de
sempre, os passeios felizes, a beleza até na feiura da vida. Não há como conter
isso que escorre, se sou da arte, que eu me derrame em palavras. Fogo em meus
dedos, nua em período fértil de mim, deixo as palavras escorrerem.
Estou em período fértil de ti
Vem comigo maruja
Marulhos marejam meus olhos
E o que vejo avulta
Preenche minha aldeia
Onde sou já terra alheia
A intuir e entoar
Cantos de receber
E dar






