Ela apareceu
em meus sonhos com batom vermelho, tiara de flores e os olhos verdes
arregalados para mim. Sorria, me aconselhava com firmeza e eu entendi que já a
conhecia. Moça que me acompanha, chora comigo, sussurra verdades, me protege de
mentiras.
Cheiro de
alfazema, beleza do sábado, limpeza no meu coração. A cigana de oxum colhe
lírios em campos místicos nas cidades que ainda não conheço. Quero me jogar no rio, deixar a minh’alma
respirar na beleza do rio.
Eu sei que ela
gosta daquela saia florida. As mãos balançam o leque, os quadris rebolam com
leveza, os braços fazem movimentos bonitos, ela vem do oriente e do oriente eu
sou filha. O meu corpo já não é mais meu. Fecho os olhos ou estariam eles
abertos? Movimentos de cigana. Não ando só. Meus olhos verdes são os dela
também. Encaro o espelho, não tenho medo do olhar que me enfrenta, estou de
batom vermelho e tiara de flores na cabeça. A cigana sou eu.
