sábado, 10 de março de 2018

Cigana



Ela apareceu em meus sonhos com batom vermelho, tiara de flores e os olhos verdes arregalados para mim. Sorria, me aconselhava com firmeza e eu entendi que já a conhecia. Moça que me acompanha, chora comigo, sussurra verdades, me protege de mentiras.
Cheiro de alfazema, beleza do sábado, limpeza no meu coração. A cigana de oxum colhe lírios em campos místicos nas cidades que ainda não conheço.  Quero me jogar no rio, deixar a minh’alma respirar na beleza do rio.
Eu sei que ela gosta daquela saia florida. As mãos balançam o leque, os quadris rebolam com leveza, os braços fazem movimentos bonitos, ela vem do oriente e do oriente eu sou filha. O meu corpo já não é mais meu. Fecho os olhos ou estariam eles abertos? Movimentos de cigana. Não ando só. Meus olhos verdes são os dela também. Encaro o espelho, não tenho medo do olhar que me enfrenta, estou de batom vermelho e tiara de flores na cabeça. A cigana sou eu.