A madrugada me
traz o céu e estrelado e a saudade daquilo que vivi e não lembro, a lua
brilha em minha janela e do meu colchão posso enxergá-la, um gatinho branco
aparece toda madrugada bem em frente à minha janela.
A verdade é
que eu queria ter algo pra fazer amanhã de manhã, de preferência bem cedo, (um
compromisso por favor) e passar o dia com sono pra ver se durmo mais cedo.
Sinto saudade das músicas religiosas que costumava escutar de manhã, assim como
minha avó faz. Acho que sou 'meio avó' mesmo. Nunca mais acendi uma vela
ou um incenso, ou lavei a louça. Sinto falta das fotos que tiro durante à
tarde, quando a iluminação é sempre melhor e a criatividade também. Não quero
me rasgar para tirar daqui uma crônica.
Acho que a
crônica é essa: 'sentir saudade das coisas que se pode fazer e só não se
faz por preguiça'. Procrastinar. Posso dar aulas de como fazer isso. Tanta
coisa me seduz aqui dentro de casa. São meus esmaltes, são as minhas tintas e
aquarelas, o meu violão, algum livro, o céu, o lápis e o papel à mão
(desenhar...). A preguiça soa melhor quando bem aproveitada. É melhor passar a
tarde ouvindo jazz e olhando o céu, deitada numa rede do que ficar fazendo tudo
isso e pensando: tenho que, tenho que. O problema é
que eu tenho mesmo.
Lavar o
cabelo, pintar as unhas, consertar um objeto, ver tal filme, tudo parece menos
importante do que fazer 'aquele' projeto. E claro que é. Mas quem disse
que na prática funciona assim? No fim nem nem meu cabelo, nem minhas unhas, e
nem o meu projeto.
"Eu faço
samba e amor até mais tarde...e tenho muito sono de manhã". Pois é, o
poeta pode e eu não. Nem samba e nem amor, só esse texto que a
princípio seria só mais um rascunho. De longe sou um Caetano, tenho que trabalhar. Um ser humano,
afinal, que admira quem não conhece, que procrastina como todo mundo que
trabalha, que também trabalha, que não faz samba de madrugada, mas escreve por
aí.
Ironia talvez, eu estar aqui escrevendo de madrugada sobre tudo o que eu gosto de fazer quando acordo cedo. Será que amanhã terei essa disposição? Só sei que agora a cama chama e talvez, mais um crônica eu pude terminar. A minha mãe grita: Vai dormir menina! Quem eu amo tem razão. Preciso viver mais.
