sexta-feira, 5 de junho de 2020

Maria Vitória



               
    Chico irrompe no quarto como se fosse o dono do mundo, queria marcar território e amedrontar Maria Vitória, que tinha o dobro do seu tamanho. Ela me olhava como quem pedia proteção, já ele me pedia carinho, porque comigo era outro, mas não me enganava.         
    O olhar de Maria traduzia o seu desespero, ela esperava de mim todo o cuidado do mundo, como se eu fosse a criatura que a defenderia dos murros felinos de Chico. Ela estava certa, porque o pequeno rapaz gostava de persegui-la. O siamês já se preparava para o ataque.
    Levantei, dei um grito e em poucos passos Chico entendeu meu recado.  Saiu correndo e voltou à porta. Ficou por ali alguns minutos, como se buscasse um jeito de contornar a situação, até outra gata chamar-lhe a atenção. Sumiu. Maria Vitória me olhava como quem ria, e tirou um cochilo pelo quarto. Acordou, ouviu alguns versos, e quando pedi a sua opinião, miou com delicadeza.