Chico irrompe no quarto como se
fosse o dono do mundo, queria marcar território e amedrontar Maria Vitória, que
tinha o dobro do seu tamanho. Ela me olhava como quem pedia proteção, já ele me
pedia carinho, porque comigo era outro, mas não me enganava.
O olhar de Maria traduzia o seu
desespero, ela esperava de mim todo o cuidado do mundo, como se eu fosse a
criatura que a defenderia dos murros felinos de Chico. Ela estava certa, porque
o pequeno rapaz gostava de persegui-la. O siamês já se preparava para o ataque.
Levantei, dei um grito e em
poucos passos Chico entendeu meu recado.
Saiu correndo e voltou à porta. Ficou por ali alguns minutos, como se
buscasse um jeito de contornar a situação, até outra gata chamar-lhe a atenção.
Sumiu. Maria Vitória me olhava como quem ria, e tirou um cochilo pelo quarto.
Acordou, ouviu alguns versos, e quando pedi a sua opinião, miou com delicadeza.
